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Juro cai, mas inadimplência se mantém

É o que indica a taxa de inadimplência das pessoas físicas, estacionada no patamar entre 7,8% e 7,9% há sete meses.

Fonte: Correio Braziliense

Embora esteja pagando o menor juro da história — depois de nove meses consecutivos de queda, a taxa para o consumidor chegou a 34,8% ao ano — as famílias não estão dando conta de pagar as dívidas em dia. É o que indica a taxa de inadimplência das pessoas físicas, estacionada no patamar entre 7,8% e 7,9% há sete meses. Esse indicador poderá cair neste mês se muitos consumidores optarem por quitar seus débitos com o 13º salário sem incorrer em novas dívidas com as compras de Natal.

Foi essa a opção da professora Patrícia Ribeiro Santana de Oliveira. Ela contou ter separado R$ 700 referentes à primeira parcela de seu 13º salário para gastar com roupas e calçados para seus filhos, Richard, de 12 anos e Caroline de 9. “Aproveitei algumas promoções na maioria das lojas e comprei o que eles escolheram”, disse. Para ela, o melhor de tudo foi poder pagar todos os itens à vista, evitando contrair novas dívidas de longo prazo. “Paguei tudo com dinheiro mesmo”, contou.

Crédito maior
O engenheiro Eliseu Pereira também foi às compras. Ao chegar a uma loja, ele escolheu um modelador e secador de cabelo para a namorada, Elis Regina, no valor de R$ 166, que serão pagos no mês que vem em uma única parcela do cartão de crédito. “Preferi não dividir em muitas parcelas, pois isso limitaria muito o uso do cartão”, afirmou. 

Diante de tantas opções e modelos de tênis, o mestre de obras Wilson Barbosa, 39 anos, conseguiu finalmente escolher qual levaria para casa. Ele contou que o valor do calçado foi retirado de uma economia de R$ 1,5 mil que havia feito para uma viagem. Para ele, os R$ 90, pagos à vista, não fariam tanta falta. “A gente trabalha muito e merece um presente de Natal, nem que seja pago por mim mesmo”, brincou.

Os dados divulgados ontem pelo Banco Central mostram expansão moderada do crédito, à taxa de 1,5% no mês. A montanha de dinheiro à disposição das empresas e do público alcançou, em novembro, R$ 2,3 trilhões, o equivalente a 52,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Mesmo assim o BC optou por alterar a previsão de crescimento do crédito para o ano, que passou de 52% do PIB para 53%. A revisão foi feita, segundo o chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), Túlio Maciel, porque o crescimento do PIB vem se mostrando abaixo do estimado. De acordo com Maciel, o crédito para veículos, que o BC via como o maior problema para a inadimplência elevada, já dá sinais claros de arrefecimento, com a taxa atual de 5,6% sendo mais baixa do que a verificada nos meses iniciais do ano.


» Novo pacote de aeroportos

A presidente Dilma Rousseff anunciará hoje a segunda etapa de medidas para aprimorar a infraestrutura dos aeroportos no Brasil. Com a privatização do Galeão (RJ) e de Confins (MG), o governo que usar o dinheiro arrecadado — cerca de R$ 15 bilhões — para estimular a aviação regional, com o intuito de promover a concorrência. TAM e Gol têm mais de 80% do mercado e vêm reajustando pesadamente as passagens aéreas, punindo os consumidores. Segundo técnicos, o governo deve ampliar a malha aeroportuária brasileira em mais de 70 terminais, especialmente em destinos turísticos. Por determinação de Dilma, os interessados em gerir os aeroportos privatizados deverão comprovar grande capacidade operacional. Ela não quer ver repetido o processo de concessão dos terminais de Brasília, Guarulhos (SP) e Campinas (SP) a empresas sem tradição.